Esofagite eosinofilica: entenda se você pode ter essa doença
- Dra Claudia Leiko
- 15 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 23 de ago. de 2024
Você come devagar? Já engasgou e teve a sensação de que a comida entalou?
Seu filho tem seletividade alimentar e prefere alimentos mais pastosos? Tem vômitos e dores abdominais?
Entenda nesse artigo o que é a doença, quais as manifestações clínicas e como se faz o diagnóstico:

O que é a esofagite eosinofílica?
A esofagite eosinofílica (EoE) foi descrita pela primeira vez em 1978 por Landres, e , desde 1993, é reconhecida como uma doença. A EoE é uma doença esofágica crônica, imunomediada por antígenos, caracterizada por sintomas relacionados à disfunção esofágica e pela inflamação predominantemente eosinófilica. Essa doença leva a edema (inchaço) ou estenose (estreitamento) o que dificulta a passagem de alimentos.
Quais os sintomas da esofagite eosinofílica?
Os sintomas podem ser diferentes em cada faixa etária:
Bebê: recusa alimentar, irritabilidade, vômitos, regurgitação, baixo ganho pondero-estatural.
Criança: dor abdominal, vômitos, queimação, pirose, dificuldade para engolir alimento, aversão a comida, seletividade alimentar, baixo ganho pondero-estatural.
Adolescente: dificuldade para engolir alimento, impactação alimentar, sintomas semelhantes ao refluxo, seletividade alimentar.
Adulto: impactação de alimentos (entalo), dificuldade para engolir alimentos, dor no peito que geralmente é localizada centralmente, sintomas semelhantes à doença do refluxo gastroesofágico (azia, queimação), dor abdominal superior.
Os pacientes podem ter sintomas típicos que levam à procura de atendimento médico, porém muitas vezes o portador da doença se acostuma com os sintomas, considerando o "seu normal" e desenvolve mecanismos compensatórios, como comer devagar, mastigar excessivamente, cortar os alimentos em pedaços pequenos, lubrificar alimentos com molhos, preferência por alimentos mais pastosos, beber líquidos para diluir alimentos e evitar pílulas e alimentos maiores e com consistência mais firme que possam causar desconforto ao deglutir, tais como carnes e pães. Os pacientes podem ter receio em comer em lugares públicos, antecipando dificuldades na alimentação.
Quadros com maior gravidade podem se apresentar com perda de peso pela dificuldade da deglutição, além disso, alguns pacientes procuram o atendimento na emergência quando a sensação de entalo não é passageira e muitas vezes é necessário a retirada do alimentos por endoscopia. Em casos raros, a esofagite eosinofílica pode se manifestar com a ruptura espontânea do esôfago devido a vômitos intensos (síndrome de Boerhaave) após uma impactação alimentar.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnostico da esofagite eosinofilica são:
Sintomas de disfunção esofágica (descritos acima)
Biópsia esofágica com 15 ou mais eosinófilos por campo de grande aumento (eosinofilia esofágica)
Exclusão de outras causas de eosinofilia esofágica (leia mais sobre esse tema neste artigo)
Atenção: a biópsia do esofâgo é essencial para o diagnostico e é importante que ela seja feita mesmo em pacientes que não tenham alterações vísiveis na endoscopia. Estudos apontam que 10 a 20% dos doentes com EoE podem ter um esôfago endoscopicamente normal, ou seja, o médico endoscopista não encontra nenhuma alteração visível no exame. Por isso, a biópsia deve ser feita mesmo sem alterações visíveis na endoscopia. É recomendado que na endoscopia inicial para diagnóstico seja realizado biópsia do esôfago, estômago, e duodeno para descartar outras doenças gastrointestinais que também cursam com infiltrados eosinofílicos. Além disso, é importante que ela seja feita de forma adequada, com mínimo de 6 biópsias, já qu a sensibilidade de uma biópsia isolada esofágica é baixa sensibilidade (55%) para o diagnóstico de esofagite eosinofílica. Realizar o mínimo de seis biópsias aumenta a sensibilidade para 99%.
Leia sobre o tratamento desta doença neste artigo.
Referências
Veiga FMS, Castro APBM, Santos CJN, Dorna MB, Pastorino AC. Esofagite eosinofilica: um conceito em evolução?. Arq Asma Alerg Imunol. 2017;1(4):363-372
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