Eosinófilo no esôfago: o que pode ser?

Eosinofilo no esofago não é normal! Em outras porções do trato gastrointestinal, é normal encontrar eosinófilos, já que é uma célula de defesa no combate aos parasitas.

Entenda o que pode ser alteração no seu exame:

O que é o esôfago?

É um orgão que conecta a garganta (faringe) até o estômago. Sua principal função é transportar os alimentos e líquidos que são engolidos da boca para o estômago, onde ocorre a digestão.

Não é esperado encontrar eosinófilos neste orgão.

O que é o eosinófilo?

O eosinófilo é um tipo de glóbulo branco (leucócito) que faz parte do sistema imunológico e desempenha um papel importante na defesa do organismo contra parasitas e nas doenças alérgicas. Os eosinófilos produzem e liberam diversos mediadores envolvidos na inflamação, imuno desregulação, remodelamento tecidual e reparo.

Quais as causas de eosinofilia esofágica?

A principal causa é a esofagite eosinofílica (EoE), uma doença em que há inflamação com eosinófilos no esôfago e que leva a edema (inchaço) ou estenose (estreitamento) o que dificulta a passagem de alimentos. Em adultos, o principal sintoma é a sensação de que o alimento passa com dificuldade ou que fica entalado. Nas crianças, a doença pode se manifestar também com vômitos e recusa alimentar. O paciente com esofagite eosinofílica pode desenvolver mecanismos compensatórios e ter hábitos como comer muito devagar, beber líquido nas refeições, cortar alimentos pequenos ou ter preferência por alimentos pastosos. Veja mais sobre essa doença neste artigo.

Além da EoE, outras condições clínicas podem levar a ter eosinófilos no esôfago como:

-Doenças gastrointestinais eosinofílicas

-Doença celíaca

-Síndrome hipereosinofílicas

-Doença de Crohn

-Doença celíaca

-Penfigo

-Vasculite

-Doenças do tecido conjuntivo

-Infecções esofágicas

-Hipersensibilidade a medicamentos

O que essa alteração no exame pode ser se não tenho nenhum sintoma?

A primeira questão é entender se realmente não há nenhum sintoma, pois muitas vezes o paciente com esofagite eosinofílica se acostuma com a condição e desenvolvem mecanismos compensatórios. Na literatura, há um acrônimo para avaliar esses sintomas que podem não ser valorizados pelo paciente - IMPACT:

Imbibe fluid with meals (bebe líquidos nas refeições)

Modify food (modifica o alimento, ex: corta em pequenos pedaços)

Prolong meal times (prolonga refeições: o paciente com EoE pode demorar na refeição)

Avoid hard texture foods (evita alimentos com textura dura: alimentos com carne e pão podem ser mais dificeis de serem deglutidos por esses pacientes. O paciente pode preferir alimentos mais pastosos)

Chew excessively (mastiga excessivamente)

Turn away tablets/pills (rejeita comprimidos)

Caso você realmente não tenha sintomas relacionados a disfunção esofágica e nenhuma condição de saúde associada a eosinofilia esofágica, pode ser que você tenha uma eosinofilia esofágica assintomática. Essa condição pode estar associadas a doenças alérgicas e principalmente a alergia alimentar IgE mediada. Em um estudo brasileiro foi observado que 38,2% das crianças com antecedente de anafilaxia ao leite tinham eosinofilia esofágica (> 15 eosinófilos/cga). Dessas crianças com eosinofilia esofágica, 29,4% não tinham sintomas. Em um outros estudo, foi observado também alta prevalência de eosinofilia esofágica em pacientes com alergia a amendoim que seriam submetidos a imunoterapia oral.

Qual a evolução da eosinofilia esofágica assintomática?

Já está bem estabelecido que na esofagite eosinofílica, a inflamação crônica não tratada por progredir para fibrose resultando em dano estrutural e funcional do esôfago . Porém, ainda não está claro qual seria esse risco nos casos de eosinofilia esofágica assintomática. Em um estudo japonês de Ishibashi, 1/5 dos pacientes com eosinoflia esofágica assintomática desenvolveram sintomas (evoluíram para esofagite eosinofílica) e 40% dos pacientes mantiveram assintomáticos porém evoluiram com piora das alterações na endoscopia.

Qual a conduta na eosinofilia esofágica assintomática?

No momento, não há evidência de tratamento específico para essa condição, porém é recomendado manter seguimento regular pois é necessário avaliar a evolução de sintomas e também a evolução para uma possível fibrose esofágica. Em pacientes que serão submetidos a imunoterapia oral, o médico alergista deve avaliar a indicação de tratamento.

Refererências bibliográficas

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